segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Em defesa dos animais!!!


Eu, sinceramente, não entendo o que leva um ser humano a matar um animal sem motivos óbvios. Quem não é vegetariano, por uma questão cultural, come carne; beleza, pra obter a carne você tem que matar um animal (vaca, galinha, porco, o escambal..) enfim, você mata para se alimentar. É certo? De forma alguma, mas como eu disse é cultural e quem é historiador, sabe que os vínculos culturais que nos prendem são muito mais fortes do que nos explica Certeau. E falando em cultura, eu juro, (eu JURO mesmo) que também tento entender as touradas espanholas e os rodeios e vaquejadas brasileiros, como eu já expliquei: cultura é cultura. Mas quem me conhece um pouquinho, sabe do amor supremo que eu tenho pelos animais, todos eles, afago, dou comida, falo com voz de idiota, ADORO bichos, então, sou suspeita para falar sobre casos de crueldade com animais como o dessa enfermeira que matou o cachorrinho. Quando vier a argumentar mais embaixo, vocês entenderão porque sou suspeita. Primeiro, entendamos que a sensibilidade para com os animais também tem explicação histórica, ao ler autores como Keith Thomas passamos a entender melhor as relações entre homens e animais; para resumir, até o século XVIII os animais eram mal tratados e serviam apenas como alimentação e diversão para o homem, eram seres sem alma, que diminuíam o trabalho do homem e lhe proporcionam mais dinheiro, tendo sua submissão expressa por Deus. Após esse período, vemos essa relação se estreitar e vemos também uma maior sensibilidade por parte do homem para com as animais. A imagem de que os animais têm alma e sentimentos surgem aí, assim como as noções de companheirismos e lealdade. Após esse breve esclarecimento histórico, partamos para o fato em si. O homem ficou muito mais sensível em relação aos animais, sua figura divinizada e seus sentimentos quase humanos geraram uma série de afinidades, logo, está historicamente (veja bem, até aqui falei de HISTÓRIA e de CULTURA não de razão) explicado porque em casos como o dessa enfermeira, há tanta comoção e mobilização em prol do bichinho. Acho desnecessário dá maiores informações sobre o caso em si visto que a mídia já o explorou (como sempre) demais, vamos seguir. É culturalmente natural, que as pessoas queiram fazer com que ela pague pelo mal cometido, eu mesma fiquei indignada, com vontade de mandar dar uma surra nela com direito a vários procedimentos teórico-metodológicos (eu disse que eu era suspeita para falar sobre isso). É culturalmente natural, mas não é nem um pouco racional, “olho por olho e o mundo acabará cego” lembram? Fazer justiça com as próprias mãos não é certo, não é saudável e não é honesto; temos uma justiça e suas leis (bem ou mal) e temos que esperar/nos conformar com os desígnios que ela dará ao caso. É revoltante eu sei, o coitado do animal (e eu me lembro do Thomas novamente) não tinha culpa, se ela não agüentava mais ele, que tivesse dado, vendido, emprestado, qualquer coisa, menos matado. Ela tirou uma vida inocente sem nenhum motivo justificável, o que será que ela faz quando o filho dela chora? Tranca-o no guarda-roupa, chuta? E com um paciente que pede água? Ela o sufoca com o travesseiro? Estar estressada não justifica nada. Eu vivo estressada com tudo e isso não me dá o direito de descontar nos meus alunos nem na minha família, cada estressado com sua gastrite atacada. Todo mundo tem seus dias ruins, mas a crueldade não se justifica, assim como a vingança também não. A meu ver é inadmissível o que ela fez espancar um ser vivo até a morte ultrapassa a crueldade. Assim como ela, deve haver muitos por aí que fazem isso, ela não é diferente dos donos de rinha de galo, ou rinha de cachorro (com a diferença que eles fazem isso por dinheiro e eu, honestamente, não sei se isso os deixa no mesmo patamar ou os fazem piores, mas o que quis dizer foi em relação a crueldade), o ideal seria que as pessoas parassem de maltratar e abandonar os animais e passassem a respeitá-los, a cuidar deles. No meu mundo utópico e cor-de-rosa é assim que imagino a relação entre os homens e os animais, onde os primeiros retribuíssem tudo àquilo que os segundos dessem a eles.