sábado, 1 de outubro de 2011

Todos pela educação

Demorei um pouco para escrever esse texto pois estava esperando o desenrolar da situação para comentar o fato completo, mas a realidade é que o fato ainda não teve fim e as coisas estão indo de mau a pior. Desculpem mas vou ter que fazer um resumão do que têm ocorrido, senão isso vira um livro e não um post. Os professores do Estado do Ceará estão em greve há cerca de 60 dias na reivindicação do piso salarial nacional e pelo plano de carreira. As propostas feitas pelo Governador Cid Gomes não agradaram aos cerca de 32 mil professores inclusos na greve e a greve continua. A greve foi considerada ilegal e o Sindicato tem que pagar dez mil reais por dia de paralisação e a greve continua. Professores acampados na Assembleia (lembrem-se que eles tem todo o direito de estar lá, afinal a Assembleia pertence ao POVO e não ao ESTADO) são humilhados nos meios de comunicação e a greve continua. Até aqui, tudo relativamente bem, mas aí a baixaria (desculpem, mas entre todos os xingamentos que pensei esse foi o mais ético) começou. O Batalhão de Choque, conhecido como "ursinhos carinhosos" pela forma sempre gentil que resolvem as situações para a qual são chamados, foi convocado para "conter" os professores, mas epa, acho que já temos o primeiro erro aqui, polícia para professor?? Polícia é para BANDIDO, para professor a solução era DIÁLOGO!! Os professores que compõem essa greve são mães e pais de família, são íntegros, honestos e acredito que seu erro mais grave tenha sido lutar pela educação em um país aonde o Governo só se preocupa com futebol e carnaval (não que eu ache essas coisas ruins aos revoltadinhos de plantão) e digo isso porque conheço vários dos manifestantes lá presentes e posso atestar sua integridade. Infelizmente, a polícia não entendeu com quem estava lidando e acabou por agredir diversos participantes da manifestação, as cenas que passaram nos jornais locais causaram repulsa e fizeram muitas lágrimas (inclusive as minhas) correrem fartas pelo rosto, foi triste ver colegas de faculdade, ver professores serem tratados como bandidos por lutarem por seus direitos. Que diabo de Democracia é essa em que vivemos? Em que espécie de país, a polícia recebe ordens para espanar os seus EDUCADORES, que são a base da formação de qualquer ser humano, de qualquer profissão. Dos políticos aos garis todos passaram pelas mãos de professores e receberam o mesmo tipo de ensinamento, sem discriminação, sem pré-conceitos, porque não podemos ter o mesmo direito senhor Governador? Porque o Senhor só quis "beneficiar" uma (PEQUENA) parte dos professores?  A educação está em crise, nós, professores, que estamos todos os dias dentro de uma sala de aula, sabemos o colapso com o qual temos que lidar e todas as dificuldades encontradas no sistema educacional de hoje, realmente, é preciso não só amor, mas garra, coragem e um colete à prova de bala para entrar em sala (e isso de verdade, visto que o que tem de aluno batendo, xingando e baleando professor atualmente não está no gibi). Lembrem-se: "a gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte", queremos um salário para VIVER e não para SOBREVIVER. Não estamos fazendo essa greve porque somos palhaços desocupador, desordeiros, baderneiros, "hienas", estamos apenas reivindicando o que é nosso por direito, pelas noites que perdemos acordados durante a faculdade e depois disso preparando aula, por tudo que enfrentamos em sala de aula, por todos os anos que passamos estudando, investindo em nossa educação para sermos melhores professores, para estarmos mais bem preparados. Não estamos ensinando nossos alunos a serem revoltados, estamos ensinando-os a lutar por seus direitos, a não se conformar com a palhaçada que o Governo faz conosco, a serem cidadãos conscientes e cooperativos com a sociedade em que vivem. E se você tem a mentalidade medíocre de não entender isso e vai responder algo criticando, só quero que você lembre que você só leu até aqui porque um PROFESSOR te ensinou a fazer isso.....
Zenaide Lôbo, Historiadora, Professora, Rebelde nas horas vagas